Essa vida tão coberta de lama. Essa alma tão preta, putrefata. Esse corpo tão lindo, tão discrepante. Seus olhos reluzem ao sol, mas não são idôneos à encontrar o reluzir de um outro olhar. Tudo é fraqueza travestida de poder.
Tudo são máquinas de café que cobram um mísero real e proporcionam a ausência de vozes e assuntos possivelmente perturbadores; tudo são copeiras fazendo seu próprio café, bebendo um pouco e jogando o resto fora, porque esfriou. Tudo são fones de ouvidos e sonhos supérfluos e bocas fechadas. Tudo é querer encontrar alguém, mas venerar a solidão. Tudo é sorrir querendo chorar. Tudo é sofrer e não poder chorar. Tudo é ter pena dos outros, porque é mais fácil ter pena do que procurar compreender o que há. Tudo é doar alguma grana por mês e nenhum abraço por ano. Tudo é esconder os seus desejos para não desagradar pessoas de que não se tem qualquer estima. Tudo é vazio, tudo é burro, tudo é deixar para lá, porque aqui já pesa.
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