quarta-feira, 30 de maio de 2012

Revanche

Pede-se uma dose de egoísmo para que se possa usufruir da sensação de estar presente - pelo menos por um único momento - na causa e não na consequência dos desatinos. Para que a nódoa de cada peito se apague é preciso muito mais do que fazer ferir mais um peito, macular mais uma alma. Às vezes, os propósitos precisam ser livres e gerar perdões. 

terça-feira, 8 de maio de 2012


segunda-feira, 19 de março de 2012

Padecimento

Pisaram meu coração
pra fazer paçoca
num grande pilão.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

tudos

Essa vida tão coberta de lama. Essa alma tão preta, putrefata. Esse corpo tão lindo, tão discrepante. Seus olhos reluzem ao sol, mas não são idôneos à encontrar o reluzir de um outro olhar. Tudo é fraqueza travestida de poder.

Tudo são máquinas de café que cobram um mísero real e proporcionam a ausência de vozes e assuntos possivelmente perturbadores; tudo são copeiras fazendo seu próprio café, bebendo um pouco e jogando o resto fora, porque esfriou. Tudo são fones de ouvidos e sonhos supérfluos e bocas fechadas. Tudo é querer encontrar alguém, mas venerar a solidão. Tudo é sorrir querendo chorar. Tudo é sofrer e não poder chorar. Tudo é ter pena dos outros, porque é mais fácil ter pena do que procurar compreender o que há. Tudo é doar alguma grana por mês e nenhum abraço por ano. Tudo é esconder os seus desejos para não desagradar pessoas de que não se tem qualquer estima. Tudo é vazio, tudo é burro, tudo é deixar para lá, porque aqui já pesa.

Viver

Gargalhadas e lágrimas.
Os dias e as noites,
respectivamente.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

TESTEMUNHA OCIOSA

Já não sei há quanto estou aqui
famélica por sentimentos.
Olho por entre as sombras,
Tristes veterans lícitas e hediondas
Por assistirem a atos sórdidos
e permanecerem caladas
Friamente caladas;
mudas; mórbidas;
imortais.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Irracional




Para cada um existe uma razão que sempre será mais palusível que a de outrem. Para muitos a estupidez é irrelevante; é normal viver numa modorra constante até o dia do sono eterno. Não adianta irmos em busca de algo inexistente; prêmios da loteria são quiméricos e levam a uma busca obstinada pelo material, que se destrói numa simples tempestade embravecida.

É ignorada a procura pelo que podemos levar na mente para onde formos pela construção de objetivos vulneráveis. É ignorado e vilipendiado o esforço que alguns fazem na tentativa de serem humanos.

O tempo passa levando as cores dos cabelos das mulheres; deixando as marcas nos cantos dos olhos - que já resignados não lacrimejam com tanta freqüência; deixando lapsos nas memórias mal treinadas; nas sãs, deixando o remorso por terem se entregado às lutas vãs e ociosas.

Os cacos das consciências fragmentadas são escondidos em cada canto que não se conhece. Estes cacos o tempo não leva, mas restaura para que se possa tomar sentido de algo perante as percepções indesejáveis. Daí, vem o questionamneto sobre as razões, que se mostram loucas e incertas... mas o corpo decrépto e a cabeça fatigada não encontram ânimo para lugar algum que não seja o féretro.